No mês da Consciência Negra, o SINTTEL-MG aproveita a oportunidade para explicar o que é racismo estrutural, tão mencionado na mídia e nas redes sociais. É importante elucidar o seu significado e como ele influencia diretamente no aumento da desigualdade e no processo de exclusão da população negra.
Eventos recentes desencadearam na sociedade a discussão sobre o racismo estrutural. Os assassinatos do americano George Floyd e do jovem brasileiro João Pedro (14 anos) provocaram reações de protesto, tanto nos EUA, como no Brasil. O que esses dois episódios têm em comum, apesar de terem ocorrido em países diferentes? São dois casos de violência praticada por agentes do Estado contra pessoas negras.
Quem deveria proteger e cuidar da segurança das pessoas, representa perigo e ameaça para a população negra.
Em entrevista para a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o professor de direito Silvio Almeida afirmou que “não existe racismo que não seja estrutural”. De acordo com Almeida, “todo racismo é estrutural, porque o racismo não é um ato, o racismo é um processo em que as condições de organização da sociedade reproduzem a subalternidade de determinados grupos que são identificados racialmente”.
A ausência de negros e negras em cargos de lideranças nas grandes corporações e em cargos do primeiro escalão do Governo Federal, por exemplo, é uma prova que o racismo estrutural está presente em diferentes esferas da sociedade. Além de reduzir as oportunidades para negros e negras, o racismo estrutural impõe uma barreira, difícil de transpor, para ascensão social.
Em recente estudo publicado pelo Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde, grupo da PUC-Rio, constataram que pretos e pardos morreram mais de Covid-19 do que brancos no Brasil. O cálculo foi baseado na variação da taxa de letalidade da doença no país de acordo com variáveis demográficas e socioeconômicas da população.
De acordo com a pesquisa, quase 55%, dos casos analisados, de pretos e pardos, morreram, e 38% de brancos perderam a vida devido ao Coronavírus. A pandemia serviu para escancarar essa grande mazela da sociedade brasileira que é o racismo estrutural, os segmentos mais afetados pela crise sanitária são a população negra, indígena e a classe trabalhadora. Sem contar os gravíssimos impactos da crise econômica.
Frente a este quadro de imensas adversidades para negros e negras em todo o país, o SINTTEL-MG entende que é papel do Sindicato promover ações e discussões com o objetivo de instruir a categoria acerca desta moléstia que é o racismo estrutural. É sempre bom lembrar que racismo é crime inafiançável e que denunciar é um dos melhores meios para se combater este problema.
O SINTTEL-MG defende veementemente o desenvolvimento de políticas públicas de promoção à igualdade de oportunidades, de combate à discriminação de pessoas negras no ambiente de trabalho, de acesso à universidade, de combate a violência policial, de valorização da cultura. O sindicato está de portas abertas para prestar assistência aos trabalhadores, ressaltando a importância de denunciar casos de racismo ou injúria racial, para que a entidade sindical possa atuar em prol do trabalhador que tenha sido vítima do crime de racismo. Denúncias podem ser encaminhadas pelo site, aplicativo, Instagram e Facebook.